segunda-feira, 2 de junho de 2025

OLHAR AS CAPAS


Viagens no Tempo

Luís Pinheiro de Almeida

Prefácio: José Manuel Barroso

Edição Sistema Solar/Documenta, Lisboa, Outubro de 2022

Ser jornalista é a melhor profissão do Mundo, ser jornalista é a melhor coisa do Mundo. Ponto. Mas também é uma responsabilidade enorme. Nas suas mãos pode estar uma vida, a reputação de uma pessoa, de uma instituição.

Sou jornalista desde 1973 e acho que não sei fazer mais nada. Estava a terminar o curso de Direito em Lisboa e já o Jorge Heitor ma fazia um exame para entrar na ANI, a agência noticiosa do Estado Novo.

Aí comecei a lidar com a censura e, por incrível que pareça, aprendi com o director Dutra Faria, um radical do Regime, com linha telefónica directa para a censura e com a qual nem sempre estava de acordo.
Antes do 25 de Abril, não era fácil ser jornalista, era duro, era limitado, mas aprendia-se a viver nos limites da imaginação criativa. Recorde-se o artigo de «desportista» de Eugénio Alves no jornal
República sobre o 16 de Março de 1974, conhecido como o «golpe das Caldas».

Quase não se faziam reportagens no País, quanto mais no estrangeiro! Excepções conhecidas e relevantes são as de Urbano Carrasco, Francisco Pinto Balsemão, Nuno Rocha, Urbano Tavares Rodrigues, por exemplo.
Depois da Revolução dos Cravos, foi a explosão. Viajava-se para todo o lado, sem fronteiras, e amiúde eram as próprias entidades oficiais que financiavam as deslocações dos órgãos de comunicação social, cronicamente deficitários. Só uma equipa da RTP eram quatro pessoas: o jornalista propriamente dito, o homem da câmara, o homem do som e o homem da luz. E se na equipa houvesse uma mulher, era um quarto a mais.

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