Viagens no Tempo
Luís Pinheiro de
Almeida
Prefácio: José
Manuel Barroso
Edição Sistema Solar/Documenta, Lisboa, Outubro de 2022
Ser jornalista é a melhor profissão do Mundo, ser
jornalista é a melhor coisa do Mundo. Ponto. Mas também é uma responsabilidade
enorme. Nas suas mãos pode estar uma vida, a reputação de uma pessoa, de uma
instituição.
Sou jornalista desde 1973 e acho que não sei fazer mais
nada. Estava a terminar o curso de Direito em Lisboa e já o Jorge Heitor ma
fazia um exame para entrar na ANI, a agência noticiosa do Estado Novo.
Aí comecei a lidar com a censura e, por incrível que
pareça, aprendi com o director Dutra Faria, um radical do Regime, com linha
telefónica directa para a censura e com a qual nem sempre estava de acordo.
Antes do 25 de Abril, não era fácil ser jornalista, era duro, era limitado, mas
aprendia-se a viver nos limites da imaginação criativa. Recorde-se o artigo de
«desportista» de Eugénio Alves no jornal República sobre o 16 de Março de 1974, conhecido como o «golpe das
Caldas».
Depois da Revolução dos Cravos, foi a explosão. Viajava-se para todo o lado, sem fronteiras, e amiúde eram as próprias entidades oficiais que financiavam as deslocações dos órgãos de comunicação social, cronicamente deficitários. Só uma equipa da RTP eram quatro pessoas: o jornalista propriamente dito, o homem da câmara, o homem do som e o homem da luz. E se na equipa houvesse uma mulher, era um quarto a mais.
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